Os fãs de "Caverna do Dragão" se lembram quando
Eric tomou uma poção de força e ficou com físico de halterofilista? Ou o namoro
entre ele e Sheila? Ou quando ele se sacrificou heroicamente dando um golpe de
jiu-jítsu depois de saltar de um zepelim para que os amigos conseguissem
finalmente retornar para casa no final do desenho? O tão aguardado final da
série finalmente veio, mas talvez não da forma como os fãs esperavam.
Ele foi feito por Eduardo Assumpção, que assinou o romance
"Caverna do Dragão: O Reino" como D4MON3. Ele já vendeu mais de 4 mil
exemplares pela internet de seu final imaginado para a série, mais cerca de 600
na Bienal do Rio e está com um estande na Bienal de São Paulo, onde já tem uma
saudação padronizada para quem passa por lá: ele estende uma cópia de seu livro
e afirma orgulhoso: “Agora tem final!”.
“Caverna do Dragão” é o popular desenho animado que marcou a
infância muita gente que hoje está na faixa dos 30 a 40 anos. Baseado no RPG
Dungeons & Dragons, ele acompanhava seis amigos que ficam presos em um
mundo fantástico após passarem por uma montanha russa e precisam achar
umcaminho de volta para casa.
A jornada do covarde Eric, do arqueiro Hank, do desastrado
mago Presto, da guerreira Diana, do pequeno bárbaro Bobby e de sua irmã Sheila,
e de Uni, unicórnio com predisposição a entrar em encrencas quando o grupo está
prestes a escapar para seu mundo, terminou abruptamente no final dos anos 1980.
Isso deixou muitos fãs “órfãos” de um final oficial.
O resultado foi a disseminação pela internet finais
“apócrifos” feitos por fãs, roteiros não oficiais e até teorias conspiratórias
tanto sobre os produtores quanto sobre a trama.
“Eu sempre fiquei obcecado por não ter um final pra esse
desenho que eu considero o melhor de todos os tempos. Em uma Comic-Con eu
cheguei para o criador Gary Gigax e perguntei por que ele não terminou e ele
respondeu: ‘termina você’”, falou Assumpção ao UOL. “Aí eu pensei: ‘quer saber?
Vou terminar mesmo’”.
Segundo Assumpção, “Caverna do Dragão: O Reino” é resultado
de 15 anos de pesquisa e tem ideias vindas dos jogos de RPG com os colegas. “Eu
e uns amigos tínhamos sessões de RPG do ‘Caverna do Dragão’, mas conforme a
gente foi ficando mais velho as namoradas não acreditavam mais que a gente
estava se reunindo só pra jogar. Aí o grupo debandou”.
Sobre as liberdades que tomou com o cânone de série, como o
físico de Eric, Assumpção explica ser porque se baseou também nas narrativas
com os amigos. “É que no nosso RPG ele tinha tomado uma poção de força e isso
acabou sendo algo integrado na história”, explica Assumpção.
Ele diz que tentou sem sucesso adquirir os direitos autorais
de “Caverna do Dragão”, mas não conseguiu por eles estarem pulverizados por
diversas companhias. “Chegou uma hora que o advogado de uma delas me disse:
‘faça o livro. Se for um sucesso elas [as empresas] vêm atrás de você para
processar ou pra comprar o livro”.
O autor vende seus exemplares através de seu site
cavernadodragao.com.br/. “Algumas pessoas que leram o livro chegaram a dizer
que acharam a história até melhor que a do desenho. Já teve até mesmo gente que
me falou que o livro é a melhor coisa que eles já leram. Mas essas pessoas
também não devem ter lido muita coisa”, brinca Assumpção.
Leia abaixo um trecho de "Caverna do Dragão: O
Reino"
Em poucos segundos eles atravessariam o mesmo portal por onde
Trevor desapareceu. A tristeza pela perda de Eric foi aos poucos tomada por
leves sorrisos que renovavam a esperança de voltar para casa. Os cinco
guerreiros na valente luta para sobreviver ao Reino haviam passado no teste do
Mestre dos Magos. Hank vendo que a namorada estava mais calma, ajudou-a a se
levantar. Foram para perto de Bobby e a garota pousou as mãos em seus ombros.
Presto abraçou Diana pela cintura e correspondido no gesto foram para frente
juntar-se ao grupo. Eles começaram a penetrar na escuridão já conhecida,
provavelmente rumo ao salão das estátuas. Quando de repente ouviram um
relincho. Todos se voltaram para o fundo da cabine. Bobby largou o timão
prontamente seguro por Hank e gritou:
- Uniiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!!!!!!!!
No fundo da cabine a pequena unicórnio estava encolhida,
nauseada pelo seu primeiro vôo e morrendo de medo do lugar onde chegavam. A
expressão de felicidade do pequeno bárbaro não era compartilhada pelos outros
que demonstravam muito mais uma dúvida. Bobby virou-se para os amigos e disse:
- Posso ficar com ela?.
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